terça-feira, 20 de setembro de 2011

Pintassilgo


Gostava tanto do seu pequeno amigo... Era um pássaro realmente muito bonito. Um pintassilgo-do-nordeste, com uma coloração amarela e preta que chamava a atenção de quem via. Era normal o menino comentar com os amigos sobre o bichinho, quando comia, o que comia, de que modo cantava e tudo o mais. Na maioria das vezes em que passava por onde ficava a gaiola, dava uma paradinha para admirar o passarinho...

Gostava tanto que ficou muito comovido ao ver na televisão que os pássaros eram mais felizes livres. Então, apesar de tanto afeto e comovido com o que viu no programa, o menino apenas esperou por um momento em que não havia ninguém por perto para agir. Ao meio-dia ele sabia que a mãe não sairia da cozinha, e ninguém o impediria de ser o herói que libertou o pintassilgo. Então foi, tentando não fazer barulho, até os fundos da casa, abriu a gaiola, deu um beijo no pássaro e o soltou no ar... O vôo não foi tão triunfante assim, ele pousou no primeiro galho que encontrou, na árvore mais próxima, no quintal do vizinho, e lá ficou. Deveria ser a novidade, talvez estivesse experimentando a liberdade pela primeira vez. Com o passar de cinco minutos sem o passarinho sair de perto da árvore, o menino resolveu entrar em casa, e ficar um tempo novamente diante da televisão...

E agora lágrimas e lágrimas rolavam de forma ininterrupta. O pintassilgo morreu! A mãe ainda não tinha entendido direito o que havia acontecido, mas tentava consolar o menino. Decerto que o passarinho não deveria ter sido solto, não estava preparado. Em sua gaiola, talvez acreditasse que o mundo girava em torno dele, que todos serviam a ele. Pode ser que não tenha respeitado o espaço dos outros seres ao entrar em contato com um ambiente comum a todos, e tenha pagado caro por isso. Mas também não dava para saber se foi assassinado, pode ter sido só emoção...

Depois dessa tragédia, o menino provavelmente não vai mais querer criar passarinhos, e muito menos soltar bichos com muito tempo de cárcere de qualquer jeito. Até porque no dia em que soltou o pintassilgo, na árvore do vizinho, certamente alguma coisa boa foi aprendida.