Gostava tanto
do seu pequeno amigo... Era um pássaro realmente muito bonito. Um
pintassilgo-do-nordeste, com uma coloração amarela e preta que chamava a
atenção de quem via. Era normal o menino comentar com os amigos sobre o
bichinho, quando comia, o que comia, de que modo cantava e tudo o mais. Na
maioria das vezes em que passava por onde ficava a gaiola, dava uma paradinha
para admirar o passarinho...
Gostava tanto
que ficou muito comovido ao ver na televisão que os pássaros eram mais felizes
livres. Então, apesar de tanto afeto e comovido com o que viu no programa, o menino
apenas esperou por um momento em que não havia ninguém por perto para agir. Ao
meio-dia ele sabia que a mãe não sairia da cozinha, e ninguém o impediria de
ser o herói que libertou o pintassilgo. Então foi, tentando não fazer barulho,
até os fundos da casa, abriu a gaiola, deu um beijo no pássaro e o soltou no
ar... O vôo não foi tão triunfante assim, ele pousou no primeiro galho que
encontrou, na árvore mais próxima, no quintal do vizinho, e lá ficou. Deveria
ser a novidade, talvez estivesse experimentando a liberdade pela primeira vez.
Com o passar de cinco minutos sem o passarinho sair de perto da árvore, o
menino resolveu entrar em casa, e ficar um tempo novamente diante da
televisão...
E agora
lágrimas e lágrimas rolavam de forma ininterrupta. O pintassilgo morreu! A mãe
ainda não tinha entendido direito o que havia acontecido, mas tentava consolar
o menino. Decerto que o passarinho não deveria ter sido solto, não estava
preparado. Em sua gaiola, talvez acreditasse que o mundo girava em torno dele,
que todos serviam a ele. Pode ser que não tenha respeitado o espaço dos outros
seres ao entrar em contato com um ambiente comum a todos, e tenha pagado caro
por isso. Mas também não dava para saber se foi assassinado, pode ter sido só
emoção...
Depois dessa
tragédia, o menino provavelmente não vai mais querer criar passarinhos, e muito
menos soltar bichos com muito tempo de cárcere de qualquer jeito. Até porque no
dia em que soltou o pintassilgo, na árvore do vizinho, certamente alguma coisa
boa foi aprendida.
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